quinta-feira, 29 de outubro de 2009

O homem, quando jovem, é só, apesar de suas múltiplas experiências.
Ele pretende, nessa época, conformar a realidade com suas mãos, servindo-se dela, pois acredita que ganhando o mundo, conseguirá ganhar-se a si próprio.
Acontece, entretanto, que nascemos para o encontro com o outro, e não o seu domínio. Encontrá-lo é perdê-lo, é contemplá-lo na sua total e gratuita inutilidade.
O começo da sabedoria consiste em perceber que temos e teremos mãos vazias, na medida em que tenhamos ganho ou pretendamos ganhar o mundo. Neste momento, a solidão nos atravessa como um dardo.
É meio-dia em nossa vida, e a face do outro nos contempla como um enigma. Feliz daquele que, ao meio-dia, se percebe em plena treva, pobre e nu. Este é o preço do encontro, do possível encontro com o outro.
A construção de tal possibilidade passa a ser, desde então, o trabalho do homem que merece o seu nome.

Uma carta de Hélio Pelegrino. (Epígrafe do livro Encontro Marcado - Fernando Sabino)

2 comentários:

Marcelo Mayer disse...

o homem é feito de desencontros

Desmanche de Celebridades disse...

Blog muito bom. Parabéns.
Vc trata com naturalidade temas muito bacanas pra pensarmos.
Abraços.